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quinta-feira, julho 30, 2009

Alegria Retardada

ou (Alegria Tardia)
by Soaroir
30/7/09

Tanto havia para dizer
Acho que as disse a você
Mas foi quando eu não me ouvia
E tampouco eu bem sabia
Da dureza de uma lavra
Nem quê peso tem a palavra
Quando solta ao relento
E levada pelo vento
Como papelório picado
Difícil de ser ajuntado -
Tudo o que lá foi falado
Mau dito e até resmungado
Nunca foi o que eu queria
A descoberta é tardia –
E dita fora de hora
Do jeito que digo agora
Não terá sua anuência
Só pra mim.
..........Paciência...

tema: "tudo o que eu queria te dizer"

Amoras-pretas As

Foto e Texto By Soaroir
Julho 2009




muda pequena e franzina, trazida no colo
retirada de outro solo, úmido e mais sadio
replantada no fim de um Julho
aqui, em um vaso de planta.
todo inverno, de graça, sem cobrança ou ameaça
ela rebrota viçosa
vêm junto em vivo púrpura
seus frutos, assim que saem do verde -
não ha gana de colhê-los, mas ânsia de pena
ao vê-los em pencas presos no velho arbusto
plantado em um vaso de plástico.

Infantilidade...

(meus brinquedos de criança)
by Soaroir
29/7/09

imagem:stephenville

Ximiniko era meu gato
Papa-fumo avião
Noctluzes estrelas
Brilhando na minha mão

Tudo ainda vaga-lumes
........menos eu e Ximiniko...

remate

by Soaroir
28/7/09

eu vim para este mundo enganada
na entrada - decidiram tudo por mim...
meus ante-ante-antepassados – safados
nem pensaram no arremate. No camarim
não deixaram roteiro ou deixa
de fato – para as minhas falas de fim
do primeiro ao último ato.


Mote : "Eu vim de muitos caminhos,e os meus sonhos
choveram lúcido pranto pelo chão." Cecília Meireles.

domingo, julho 26, 2009

Coisas de Felicidade

Jamais esquecerei
Soaroir 16/7/09


imagem/net/daysemelo


Faísca ronronanando no telhado

maribondos zumbindo nos pés de pinha

alvuras esvoaçantes nos varais

embandeirando aquelas nossas vinhas...

(fragmentos de "Na Casa de Minha Infância"-Soaroir)



Mote: "Detalhes que me fazem feliz"


"Coisas

Uma rãzinha verde no gris da manhã...
Um sorriso na face de um ceguinho...
Uma nota aguda como uma pergunta de criança...
Um cheiro agradecido de terra molhada...
Um olhar que nos enche subitamente de azul..."

(Mario Quintana /1906-1994)

Se for por falta de adeus...

Soaroir
15/7/09

...................Adeus I


...fica no ar
nas roupas e nas poças
até se evaporar...


Soaroir
15/7/09

..................Adeus II

Depois do estio
Vem um perfume
Que como bolhas de sabão
Poca, poca, poca
E sem prevenção
... um adeus!
Fica uma poça
De tudo
No nada
Da estação...

......................xxxxx..................

Se É Por Falta De Adeus
Tom Jobim
Composição: Antonio Carlos Jobim / Dolores Duran

"Se é por falta de adeus
Vá se embora desde já
Se é por falta de adeus
Não precisa mais ficar

Seus olhos vivem dizendo
O que você teima em querer esconder
A tarde parece que chora
Com pena de ver
Este sonho morrer

Não precisa iludir
Nem fingir e nem chorar
Não precisa dizer
O que eu não quero escutar

Deixe meus olhos vazios
Vazios de sonhos
E dos olhos seus
Não é preciso ficar
Nem querer enganar
Só por falta de adeus"

.............................xxxxxxxxxxxxxxx......................


Goodbye!
by Richard Aldington

"Come, thrust your hands in the warm earth
And feel her strength through all your veins;
Breathe her full odors, taste her mouth,
Which laughs away imagined pains;
Touch her life's womb, yet know
This substance makes your grave also.

Shrink not; your flesh is no more sweet
Than flowers which daily blow and die;
Nor are your mein and dress so neat,
Nor half so pure your lucid eye;
And, yet, by flowers and earth I swear
You're neat and pure and sweet and fair."


The Inventory Of Goodbye
by Anne Sexton

"I have a pack of letters,
I have a pack of memories.
I could cut out the eyes of both.
I could wear them like a patchwork apron.
I could stick them in the washer, the drier,
and maybe some of the pain would float off like dirt?
Perhaps down the disposal I could grind up the loss.
Besides -- what a bargain -- no expensive phone calls.
No lengthy trips on planes in the fog.
No manicky laughter or blessing from an odd-lot priest.
That priest is probably still floating on a fog pillow.
Blessing us. Blessing us.

Am I to bless the lost you,
sitting here with my clumsy soul?
Propaganda time is over.
I sit here on the spike of truth.
No one to hate except the slim fish of memory
that slides in and out of my brain.
No one to hate except the acute feel of my nightgown
brushing my body like a light that has gone out.
It recalls the kiss we invented, tongues like poems,
meeting, returning, inviting, causing a fever of need.
Laughter, maps, cassettes, touch singing its path -
all to be broken and laid away in a tight strongbox.
The monotonous dead clog me up and there is only
black done in black that oozes from the strongbox.
I must disembowel it and then set the heart, the legs,
of two who were one upon a large woodpile
and ignite, as I was once ignited, and let it whirl
into flame, reaching the sky
making it dangerous with its red."

(from:famouspoetsandpoems.com)


Mote : O Adeus

Inspirado em
Martha Medeiros in Cartas extraviadas e outros poemas
pg. 33


"... o adeus é reencontro
solitário.

o adeus é festa
do diabo.

o adeus é básico
direto.

o adeus é cúmplice
do tempo

o adeus é para sempre !..."


Meu Canto Antigo

Me Disse o Mar
by Soaroir - 13/7/09



Não tenho barqueiro
e nem sei remar
Morrerei, meu querido
e doce amigo
se não mais eu possa
estar eu contigo
“Siga a braçadas”
diz-me o verde mar
apego-me com Deus
me ponho a nadar...


mote: "Me disse o Mar"


ONDAS DO MAR DE VIGO - *Cantiga de Amigo
Martin Codax - Século XIII (125?) - [Pergaminho Vindel]
[versão Joseph Shafan]

Ondas do mar de Vigo,
[dizei-me] se vistes meu amigo
E ai Deus, se virá logo

Ondas do mar levado,
[dizei-me] se vistes meu amado
E ai Deus, se virá logo

[Dizei-me] Se vistes meu amigo
ele por quem eu suspiro
E ai Deus, se virá logo

[Dizei-me] Se vistes meu amado
por quem tenho grande cuidado
E ai Deus, se virá logo

Trabalho Doméstico

Soaroir
(após horas de faxina)
12/7/09 - 19:35

........................... (Desperdício)

Acordado...
Fazer cama
Lavar e passar
Passado
Escutar o silêncio
Debaixo do chão...

Brilho e Sombras

(da Terra até à Lua)
Soaroir
17/7/09

................................ (O verso e o reverso da fragilidade do ser humano)

A passos largos, das cavernas até à Lua
Somos um universo de fragilidades - vamos
Do útero aos berços de toda a vida
Procurando pistas, nos voos das aves
Nos troncos carregados pelas correntes
Nos sinais dos deuses, terrenos e celestes
A fim de localizarmos a vizinhança
Dessa mais isolada e íntima ilha...
Solitária criação, de verso e reverso
Brilho e sombras, chamada
..............ser humano.

Cor-da-Luz

Soaroir
18/7/09

imagem/net/picforme




....................................................... (A tela da (minha) vida)

Definidos os pontos de fuga

Misturei as cores primárias

Falseei meus tristes motivos

Com belas cores secundárias

Ultravioleta nos demais

Têm muito esmero minhas telas -

São visíveis aos animais, e

.....................aos olhos do Artista delas...


(um dia continuo!?!)

terça-feira, julho 21, 2009

Quê futuro tem "amigo"?

Perdão Amigos
Soaroir
20/7/09

Pode até ser muito doido
Como enxergo um amigo
Sinto muito se discordo
Não se ofendam com o que digo

Dentre outros os motivos
Acho um luxo esse artigo
Que nem todos podem ter
Foi o que aconteceu comigo

Se não feito na infância
Por mudança ou fustigo
"Bons colegas" eu consigo
Entre o pão e o abrigo

Com essa moda virtual
Banalizou-se o “amigo”
Blogueados e em redes
Muitas vezes um perigo

Penso então daqui pra frente
E ao longe eu investigo
Não será mais como antes
Quê futuro tem “amigo” ?

"Amigo(s)"
Mote do dia de Poesia on Line do RL

Dia do Amigo 2009

Soaroir
20/7/09




Denise, boa amiga e poetisa, seu poema me inspirou p o que segue.

Sem mencionar nomes para não melindrar outros tantos, agradeço aos amigos do RL que, como estes, sempre aparecem quando estou para murchar:

"Que Deus abençoe sua mente, minha querida poeta...
Só pelo o que você escreveu hoje valeu a pena acordar.
Bom domingo !"


"Belíssimo, como toda esta sua fase; as vezes crua ou quase cruel, diafana ou contundente; a cada novo texto um vigor renovado de uma expressão singular...Um grande abraço,"

"Oi querida
respeitosamente escrevo para avisar que numa das suas ultimas postagens você escreveu :
taxo que imaginei ser aquele recipiente para cozinhar e então taxho se escreve com CH.
Por favor não leve a mal por estar lhe avisando, abraços da amiga de sempre"


"Minha alma cafona ao menos sabe reconhecer que a lágrima é democrática e sua poética é super inovadora, inquietante, moderna e certeira. Parabéns, POETA!"


"Tudo isso leva-nos à uma poética rara, difícil de ser interpretada. Para mim, é como acender uma vela em sinal de oração para que a poesia adentre nas entranhas da poeta PhD. Abraços supletivos"

"Na minha interpretação (posso estar errada), você usou da metáfora para brilhar nesta poesia. Você retorna ao seu interior ao refletir (debruçada na janela), materializando suas tristezas ocultas(sombras refletidas pela vela) em poesia. Bilac não faria melhor! Nossa! Dá até um baita pps!!!"

"Soaroir,

Para um tipo de poema como o seu, você até poderia colocar apenas a pontuação interna... mas como já havia começado, completei. No meu entender, você pontua corretamente..."


"As vezes precisamos de uma luz, ainda que, igual a você, tenha a alma iluminada... Ver sua foto, deixa-me saudoso... Parabéns, mais uma linda poesia. abraços "


(publicado no Recanto das Letras)

domingo, julho 19, 2009

Eterno só a Fome

Soaroir
19/7/09
(Num dia triste)


nunca soube nada de eternidade
na véspera, eu acordei órfã
no dia, sai para sobreviver
não brinquei na furta-cor das balebas
no chão batido pelo jogo de malhas
que o destino em meu caminho jogou
retorno sempre, como um pequeno caçador
sempre aprendiz nas escolas convividas
com vida - e imaginários amigos a comer

a caça não caçada, mas apanhada
pela fome
por mais um dia
entre outros mortos.

domingo, julho 12, 2009

Vazio de Puro Sangue

Crinas Soltas
Soaroir 11/5/09


tropeamos
da Praça de São Salvador(¹)
sem arreios, argumentos
mapas de direção
cruzamos, o Cruzeiro do sul,
livres burros, e sonsas mulas
e outras feras da liberdade.
até às éguas de bridão
presas dos anfiteatros
vazios de puro sangue
eu...e a alazã -
de crinas soltas...
(um dia eu continuo)

(¹) praça principal de Campos RJ



Mote: A Carruagem da Vida

Adaptação Soaroir:

Pela manhã passa a sacolejante diligência
com seu provocante carregamento.
viçosos e inexperientes pulamos dentro
e sem perceber os solavancos
descemos com as preocupações rua abaixo
ordenando: “Vá em frente”!

ao meio dia, inquietos com os ruídos contínuos
baldeamos os nossos corações matutinos;
enxergamos os extravagantes precipícios
gritando” Vá devagar seu idiota!”

ao entardecer, recolhemos o que foi quebrado;
analisamos todo o trajeto percorrido;
e quando a luz já se foi adormecemos
indagando: “como seria uma hospedaria?"

(inspirado em Alexander Sergeyevitch Pushkin -1799-1837)

sexta-feira, julho 10, 2009

A Pizza

by Soaroir
10/7/09

Pizza, até Einstein comia
Dumas enquanto escrevia
Não importava a cobertura
Achavam uma gostosura
Quando bate a preguiça cá
E eu não quero cozinhar
De um delivery lanço mão
Fico longe do fogão
Sem me penitenciar...
(Só com a conta pra expiar).

Colagem

Soaroir
9/7/09


penso
treino...
amor
tira-teimas
tema
embirras
queima
engasga
goela
estômago
insiste
... é (só) poema...

Mote: "Poema sem tema"

quinta-feira, julho 09, 2009

Extrato de Olivia

By Soaroir 8/7/09

(“Nous autres, artistes, somes des olives. Pressez-nos."
James Joyce)



(image Net

bem cultivada
desde a semeadura
cresceu Olivia Oliveira
admirada formosura
para no fim ser esmagada
extraída toda a essência
depois de ficar madura
no processo... (demorado)
perdeu todo o amargor -
deu luz às lamparinas
e ganhou melhor sabor.
Olivia Oliveira...
das sombras
frutos e engaços
ao extrato...
só proveito -
da semente ao bagaço...

quarta-feira, julho 08, 2009

A Minuta


by Soaroir 7/7/09
....................................(imagem:net/andreaCarboni)
No meu projeto preliminar
Deixei alguns espaços em branco(no fim)
Só para não borrar o esboço que (eu) fiz
Acaso a minuta eu fosse (de alguma forma) alterar

Mas a vida deu/tem uma outra abordagem
E emendou tudo do seu jeito/(dela)
Não (considerou) viu/(deu tento ao) o meu espaço...
E não é que ela escreveu à/na margem!?

depois eu volto...


Mote:
"Nossa Vida é Um Rascunho
Que Jamais Conseguiremos
Passar a Limpo." Mario Silva Brito.

Dominação

by Soaroir
6/7/09

..................................."A Lágrima"


Não há lágrima sem motivo
Miúdo ou muito forte...
Choro alto, choro baixo -
Há lágrima pra todo o porte.

Na igreja, na milonga
Na cantiga, na escrita
Moderna ou cafona
A lágrima não se limita

Não há calço nem há peia
Que a assegure um lugar
Ela tem vontade própria
Quando se decide a rolar

Nem se importa com a razão
Se de rir ou de chorar
Tampouco com a cara (feia) -
Na qual ela vai tombar.




Mote: "A Lágrima"
SE UM DIA TIVER QUE ESCOLHER ENTRE UM BEIJO,UM OLHAR E UMA LÁGRIMA. ESCOLHA A LÁGRIMA.
PORQUE O BEIJO É FALSO,O OLHAR É PASSAGEIRO,MAS,A LÁGRIMA POR MAIS TRISTE QUE SEJA É VERDADEIRA.

segunda-feira, julho 06, 2009

Medos

by Soaroir
5/7/09


...concordo.... Não é por eles...
mas por nós mesmos...



Mote: O MEDO

"O excesso de atenção que temos com o perigo faz, na maioria das vezes, que caíamos nele." (Jean de La Fontaine)

vela na janela

by Soaroir de Campos
4 de Julho/2009

...........................................................A sombra de minh'alma


A sombra de minh’alma

Tem nova companhia

Às vezes ela se mostra

Junto com a da poesia.

Nessa nova exitância

Mantem seu endereço

Cansou-se ela deveras

Dos meus sombrios tropeços.

Para poder encontrá-la

Acendo uma vela

Debruço na janela

E espero a chegada delas.



Mote: " A SOMBRA DE MINH'ALMA", interpretação

A SOMBRA DE MINH'ALMA"

"A sombra de minh'alma
foge por um ocaso de alfabetos,
névoa de livros
e palavras.

A sombra de minh'alma!

Cheguei à linha onde cessa
a nostalgia,
e a gota de pranto se transforma
em alabastro de espírito.

(A sombra de minh'alma!)

O floco da dor
se acaba,
mas fica a razão e a substância
de meu velho meio-dia de lábios,
de meu velho meio-dia
de olhares.

Um turvo labirinto
de estrelas afumadas
enreda minha ilusão
quase murcha.

A sombra de minh'alma!

E uma alucinação
ordenha-me os olhares.
Vejo a palavra amor
desmoronada.

Rouxinol meu!
Rouxinoul!
Ainda cantas?"

(Federico Garcia Lorca, Madri, Dezembro de 1919)

sobre liberdade

Soaroir
3/7/09

Liberdade


Entre todos os placebos,
liberdade é o pior remédio
(para um doente)
Soaroir


......liberdade, padrão inato rebuscado
no cativeiro da vida em sociedade
contraditória ao cordão nodoso
do homem com seu substrato -
.............amarradilhos do universo
.................de cada um...




Mote: Liberdade

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

Cecília Meireles
(Romanceiro da Inconfidência)

o ponto das coisas

Soaroir 2/7/09

afervorado como doce, em tacho
todavia fora do ponto

a calda não dá liga, ou açucara
envidra o cobre

as pás de pau

ostento as colheradas, meu conflito
espelhado ...sobre mesa e tudo

não entendo o desando, refletir
talvez as medidas

minha gastura...
(ignorância)



Mote: "... eu preciso refletir o que a tua palavra não diz..."

(Fragmento da poesia "Para Refletir" de SUNNY LÓRA
em "LUA PERFEITA" pag. 14)

Vira-face

Soaroir - 01/07/09



sou do tempo do vento solto

e vigor, o do sol e do corpo;

quando o carbono, uma graça,

não se fazia conta com ele,

e consciência era faculdade,

princípio do bom e do certo

em cada homem interior.

Mas tudo já é passado...

que reedito em minha poesia -

desde pisar em verdes gramas,

admirar a fumaça do trem,

a caminho sabe Deus pra onde

até o viver o vento na cara

sem pensar que é (em) desperdício

de eólica energia...



Mote: Mudanças

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, à margem de nós mesmos." ( Fernando Pessoa )

Sobre Atobás e Albatrozes

Soaroir
30/6/09



lealdosos instintos vão à frente do vencer
convencer, o honesto e bravo dom do atobá
eloquentemente, viver só para mergulhar
depois de concentrado, repentino bote
ficar no ar sem bater de asas...
não avoasse o homem na labuta de viver
a luta, se de perder ou de ganhar
sem derrotas este se concentrasse
antes de mergulhar - conspirar
planear, e planar, e planar, como um livre atobá
sobre quaisquer rotas do ser capaz
de lutar, granjear ...contudo...
de longe o melhor, o maior prêmio que há
e a Natureza provém, ao mau
ou o bom albatroz, contidos - só...
no cada um, do homem que respira
.....no condoreirismo...


mote: Lutar e vencer

domingo, julho 05, 2009

Legalmente Velha

By Soaroir de Campos
05-07-09

◊ Receber na portaria do prédio uma correspondência ostentando, em negrito, um título, define um status e nos causa muito impacto. Dependendo do nosso momento, colabora, inclusive, para nos situar na realidade.
◊ Do registro de nascimento, passamos pelas cadernetas de escola, cartões de banco, de crédito, até àqueles pendurados no pescoço identificando-nos como “escritora”, nos caracterizando como cidadãos, conquistadores, ativos sujeitos inseridos no contexto de uma sociedade evoluída, os quais exibimos com orgulho.
◊ Com o tempo, os cabelos e os demais acessórios, aqueles vão perdendo a validade. O impressionante é que coincidem com o vencimento do passaporte, da carta de habilitação (CNH) e os utensílios domésticos.
◊ Do banheiro até a área de serviço, tudo começa a ruir. A princípio, muito naturalmente encarado. Os azulejos despencam, o colchão já era, a TV perde o contraste, aquele computador que uma vez fora de última geração e sacrificosamente adquirido no cartão de crédito já não gera memória suficiente para acompanhar a evolução.
◊ Para um moderno fogão que perdeu o acendedor automático não há mais peças para reposição. Igualmente para a lavadora que parou cheia de água e de pratos sujos. E a máquina de lavar então!? Um dia valiosíssima e autêntica White-Westinghouse, se derrama em óleo toda a vez que é obrigada a trabalhar a ponto de sair correndo, patinando pela área afora.
◊ Aí é hora de convocar uns pajés, que não distribuem cartões de visitas (mas que los hai, los hai) para nos benzer juntamente com a casa. Quando assombrosamente toca o interfone, e um jovem porteiro com uma voz regozijante anuncia:
― Dona Fanegundes, acabou de chegar o seu cartão do idoso.
◊ E ao rasgar o envelope, lá está um resumo de tudo, em cores vivas e indubitável fotografia, no último cartão que ostentaremos junto ao da assistência médica e o antigo RG: