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quarta-feira, fevereiro 11, 2015

O Bem do Passado

Eu amo tudo o que foi
Fernando Pessoa



imagem net


Eu amo tudo o que foi, 
Tudo o que já não é, 
A dor que já me não dói, 
A antiga e errônea fé, 
O ontem que dor deixou, 
O que deixou alegria 
Só porque foi, e voou 
E hoje é já outro dia.


quarta-feira, fevereiro 04, 2015

O Caminho do Sol no Amaralina

twilight by Soaroir
Ao cair da tarde no Jardim Amaralina

foto de Soaroir Fev.2015

(reedição - original : Out.30/2007)

By the Dusk - Ao Entardecer
AO ENTARDECER...
© Soaroir Maria de Campos

o universo pára ao entardecer
maritacas se refugiam em qualquer lugar
os cães adormecem enroscados à cauda
a dormideira se prepara para a segunda-feira

o universo pára ao entardecer
jovens ansiando pelo novo sol
velhos cabeceando seu crepúsculo
padres orando por suas almas

o universo pára ao entardecer
para a rolinha retornar ao ninho
as naus vergarem seus mastros
o âmago encerrar-se em claustros

o universo pára ao entardecer...
ante a paleta de Maguetas.

São Paulo/SP-Br - Out.30/2007


Free translation:

the universe halts by the dusk
maritacas¹ take refuge everywhere
dogs asleep round their tails
mimosas readying for the Monday

the universe halts by the dusk
young waiting for the sunrise
elder heading their twilight
preachers praying for their souls

the universe halts by the dusk
for the columbina returns to its nest
ships bend their masts
and the soul encloses in cloisters

the universe halts by the dusk
before Maguetas’ palette

¹ - Pionus bird

Soaroir de Campos :

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

A Flor de Papoula

Armistício
Soaroir
2/2/15




É a vida isso –  é isso a morte ?
Odoiá... Odoiá ... rogo proteção!
Qual  culpa a minha para findar com tal sorte
Nesta solidão com  miséria de proteção?
Por isso  e tal  - eu -  me encho de absintos
Enquanto  armísticio do meu raciocínio
camufla os meus instintos...
Soaroir
2/2/15

Espelho meu

Soaroir
2/2/2015

oh espelho, espelho meu
sei que já fui perdoada
já ganhei meu jubileu
pela vida que a mim é dada...


domingo, fevereiro 01, 2015

O Espelho de Mário Quintana


Mario Quintana


O ESPELHO

E como eu passasse por diante do espelho
não vi meu quarto com as suas estantes
nem este meu rosto
onde escorre o tempo.

Vi primeiro uns retratos na parede:
janelas onde olham avós hirsutos
e as vovozinhas de saia-balão
Como pára-quedistas às avessas que subissem do
                                      fundo do tempo.

O relógio marcava a hora
mas não dizia o dia. O Tempo,
desconcertado,
estava parado.

Sim, estava parado
Em cima do telhado...
Como um catavento que perdeu as asas!

* Mário de Miranda Quintana (Alegrete, 30 de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.