Dores e Encantos do Poeta
Soaroir Maria de Campos
SP 2006
- Dialogismo -
Dói-lhe a falta de beribás , vertentes, abio, cajá
mãos e tintas libertas de qualquer luz
formatamento da incoerência em ciência
fotossínteses sob pés de manacá.
Dói-lhe ver a verve capada
se a puros e cubistas difere
o cerne de sua bafagem
de vulgos, tosco é julgado
arriada é toda a sua bagagem.
Espoliado o poeta re-volta, seu fado
feitiço no berço inoculado, volta
aos pés do manacá encantado, Parnaso
e recomeça a prosear:
- Como vou reconhece-la, Poesia?
Com dois olhos, testa uma boca e um nariz?
Não vejo qualquer distinção!
- Se consigo te agradar, então sou poesia.
- E as lições e tratados; e, de Dionísio, a filosofia?
- Não duvides do que eu digo:
nada aqui é fantasia!
- Se odeio, sem rima afadigo;
se amo, com métrica me execro.
É isso que é poetar?
- Só cai o que nasce para baixo.
Poesias germinam no ar.
-Mas e a musa de outrora, de antiga rama,
é este um outro valor que se alevanta?
Nesta verve meu sangue ainda é lusitano,
brada a fama das vitórias que rimaram,
aroma que esta alma, ainda minha,
verte no sabor daquelas vinhas...
- Cessem, do sábio Grego e dos Troianos,
ádvenas ou vultos grandes que fizeram;
foram-se Alexandres e Trajanos,
romançarias com vitórias que tiveram.
Outro mais alto valor me alimenta
nas fadigas que neste tempo vos verberam.
Hoje sou uma outra poesia que as sustenta
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São Paulo - Brasil