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segunda-feira, abril 30, 2007

Trabalho/Trabalhador


O SEM TÍTULO

T arimbado que nem só
R esigna-se com o que vem
A braça qualquer labuta
B usca incessantemente
A lgo para sobreviver
L arga pais, amor e terra
H aja neve sol ou frio
A ventura-se sem pensar
D ando de si o sangue
O rando pra conseguir
R esgatar um direito seu

Soaroir 30/4/07
(para poesia on-line do RL mote: “Trabalhador/Trabalho”)

*FOME*

31 -Exortação à Paciência II
por: Soaroir

Caminha pacientemente por estreitas calçadas,
espera passivamente
pela travessia

inerte aguarda no corredor da morte
o câncer, a sorte.
Aceita com lenidade sem te esfarelar
violências, marginalidade,
impunidade.

Olha com insensatez para a fome,
o planeta, o descamisado, a improbidade.

Se resignadamente chegaste até aqui
entendeste minha inquietação,

és um sério candidato a impaciente
e não viste nenhuma poesia nesta visão

(para Amor em verso e prosa) Tema FOME.

domingo, abril 29, 2007

Dando a Volta por Cima






recobrar a alegria

perdoar

vem da vontade de viver

Soaroir 29/4

imagem:google-raglanroad.org

Venerável Lua

a lua de que me lembro e conheço bem
alumiava dos convivas as virtudes
da serpente seu rastro na poeira
sob um céu coalhado de estrelas
refletia nas montanhas a macacita
reconhecida senhora mãe do ouro
despertava o garbo da jasperita
banhando aquele mundo de tesouro
quando chegava de brilho toda cheia
mostrando São Jorge guerreiro
ela era a lua dos namorados
reunia todos no terreiro

pra dançar a mana-chica
e dar um beijo sorrateiro.

Soaroir 28/4/07

Imagem google-ssqq.com

Busca




Como sabeis que é má sorte
não ter à mão o que sonhais?
Ao tê-lo,
como sabeis que é sorte?


Soaroi 28/4/07


(Baseado na parábola de Lieh-Tsé)

sexta-feira, abril 27, 2007

PACATA & PAÇOCA



Pata Pacata
Paciente passava
Pintou o Paçoca
Pato pedante
Puxou uma paina
Pediu pra paquerar

-Puro papo…
Pensou Pacata
Pajeando seus patinhos
Partiu pro seu paiol

Soaroir 27/4/07

CELEIROS













(foto google/blueshell)
Se cala, sente
a larva da poesia
vinga da semente
ao arvoredo,
do gavião ao homem
dissimina resistência
fertiliza a jóia mais vulgar
a travista ópera
o fadigado livre
enfastiada vida
devastando medo
ilude o ardil
poesia
transforma!
Soaroir 27/4/07

* EU TENHO MEDO *


Da falta de energia
Estantes vazias
Mãos sem pena
e-poesia!

Soaroir 28/04/07

terça-feira, abril 24, 2007



tenho uma queixa

ninguém ficou comigo

todo o mundo só passa

e eu só






Soaroir 24/4/07

domingo, abril 22, 2007

Novo Brasil


Por: Soaroir Maria de Campos

22 de abril de 2007

Convidado com toda a pompa
a voltar aqui ao Brasil
sem índio e sem apito
pro festejo de 22 de abril
seu Cabral até se riu
sem nenhuma cerimônia
mandou logo um e-mail
onde se desculpando foi dizendo
que sentia não poder comparecer
à terra que ele descobriu
e que preferia se abster
de tamanha responsabilidade
ora pois se ele pudesse
e sua vontade valesse
beliscaria outro provo
se na época conhecesse
o futuro deste povo
então por pura benesse
cobriria tudo de novo.

(Para mote do RL – Um Novo Brasil)

sábado, abril 21, 2007

EXORTAÇÂO À PACIÊNCIA

By: Soaroir Maria de Campos
April 21/07

Imagem: Ecoar.org

Caminha pacientemente
por estreitas calçadas,
espera passivamente
pela travessia.
inerte aguarda
no corredor da morte
o câncer, a sorte.
Aceita com lenidade
sem te esfarelar
violências,
marginalidade,
impunidade.
Olha com insensatez
para a fome,
o planeta
o descamisado,
a improbidade.
Se resignadamente
chegaste até aqui
entendeste minha inspiração,
és um sério candidato a paciente
viste poesia nesta minha visão.

Para mote “Paciência” do Recanto das Letras

sexta-feira, abril 20, 2007

Não aprendi a dizer adeus


“Com quem será, com quem será
com quem será que nãnãnã vai casar
...
...

tiveram dois filhinhos e depois se separou”




No vai-e-vem doméstico de um dia qualquer, de repente paro estarrecida com o arremate de uma cantoria vinda do recreio de um colégio, de orientação religiosa, que se situa ao redor de minha residência.

Impulsivamente corro para o computador para registrar este estranho sentimento que de mim se apossa. Estou no controle total de minhas faculdades mentais, sei que sentimento, papel e pena, no caso computador, podem ser totalmente incompatíveis, mas vou em frente.

Em vão me esforço para lembrar como esta cantoria se encerrava no tempo em que eu sonhava com a minha própria festa de aniversário que nunca chegou. Não estou bem certa, mas, pelo menos no meu imaginário, era alguma coisa como “foram felizes para sempre”, o que esperançando embalava cada entardecer.

Soçobrou a vida ou minha imaginação? Sei lá. Só sei que esta cantiga se prestava a outra expectativa mais promissora do que uma sentença de ruptura e mancomunagem com a solidão.

Provavelmente não deve haver nenhuma sentença nesta cantoria; não cantaram pra mim e minha cantilena também termina assim...
“tiveram dois filhinhos e depois se separou!”


Soaroir – Abril 20/07

quarta-feira, abril 18, 2007

Solidariedade



Voluntariado

dentro de minha casa
começo a transformação
e a primeira diferença
primordial solidariedade.
se não me conflitam os valores
saio em busca de solução
para outros mais precisados
a vontade eu já tenho
habilidade vou conquistando
árdua senda, eu me empenho
busco tempo, busco espaço
identifico minha razão
parto do olhar crítico
e me entrego à ação.

Soaroir 18/4/07

segunda-feira, abril 16, 2007

AOS ÍNDIOS BRASILEIROS - Versos Livres



SEMANA DO ÍNDIO
Versos Livres
por: Soaroir Maria de Campos
15 de abril de 2007



“T'o-ur nde Reino”

Mulheres cuidam da roça
em sua mata oriunda.
Homens andam à caça
e crianças na cacunda.

Mulher cozinha e tece
amamentando sua criança.
Homem levanta ocas,
lugar onde descansa.

Índios despertam sem mazelas
mesmo dormindo na rede;
pescam e brincam no riacho,
regato onde matam a sede.

Dizimamos suas nações
deixamos-os órfãos de pai
na escassez da floresta
dependentes da FUNAI.

Entregamos aos estrangeiros,
bando que diz vir ajudar,
causa que todos os brasileiros
é quem deveriam adotar.

Daqui desta “civilização”
solidária, lembro esta semana,
desejando que os índios tenham
motivos para comemoração.

sexta-feira, abril 13, 2007

ETERNA DESPEDIDA

foto de azulejo português



barcos vagando na corrente,
deste destino indiferente!
destino, faze que se encontrem
os nossos barcos,
novamente!
e a te esperar…
e a me esperares…
assim ficamos, pelos tempos!

Soaroir Maria de Campos
sexta-feira 13 - abril/07

domingo, abril 08, 2007

APEGO


Vi raios, ouvi trovões
Montei no arco
íris de minha páscoa.
Por Bruxa Onilda da Gália

O Grito do Medo


Árcades MedosSoaroir 07/04/2007Publicado também em
(Ecos da Poesia - "Consumidores do Medo")
"O Grito (Skrik)"
Edvard Munch (1893)
Nesta difícil tarefa de ir do medo ao texto, ressabiado exumo os medos de outras cercanias, onde desde cedo fui assíduo freguês. Saudosos aqueles medos quando a pesca de piaba era feita com juquiá, diferentemente dos assombros que aqui vimos gritar. Os medos que lá consumíamos nos ajudavam a criar, arte, fantasias e sonhos que apenas restaram para contar. Aqueles bem-fazentes temores que nos deixavam mais contentes a cada despertar, não surgiam de assalto nem de bandos, tampouco de vizinhos que eram como se parentes.
Do boitatá e do saci foram os primeiros medos que consumi, depois o da mãe d’água, o da mula sem cabeça e o do lobisomem. Conforme ia crescendo, o medo outro rumo ia tomando até chegar nos fantasmas dos vivos conhecidos que morriam de velhice, que escondidos no escuro debaixo de nossas camas, faziam a gente correr pra nosso refúgio protetor, sob um amplo cobertor.
Tirando o bicho papão escondido no velho apagão, para demais temores sempre havia solução. Para o medo da inveja, mal olhado e quebranto a gente sempre se valia, além de muita oração, d´um banho de alecrim silvestre com folhas de guararema e ai, era o medo quem se amedrontava.
Até mesmo os papa-fumos, que sobrevoavam as vertentes, me eram medonhos, quando, sob um sol escaldante que ainda não se temia, a gente ia buscar água de beber e dar de beber às cabras.Da morte medo não havia, pois a coisa que se matava era a fome com taioba e mostarda brotadas do excremento que dos passarinhos caia. Outras coisas se compravam, não se roubava e vendia; o pecado da cobiça e escassezes eram medos que ninguém lá conhecia.
Medos que mães sentiam eram da infância doençaria. Sarampo, febre alta e coqueluche que, para a proteção, recorriam aos chás das folhas de laranja da china e da cidreira, ao caldo de galinha e às benzedeiras; era com essa milagraria que as mães nos defendiam. Dos venenos que mais temiam eram o da picada de cobra e o dos frutos que os filhos comiam, como arrebenta-cavalo e muitas outras porcarias.
Com os perigos bem vigiados e com o futuro por Deus garantido, o pior de todos os medos era o da vara de marmelo, quando boa coça se levava se em confusão a gente se metia. Meu mundaréu de medo de outrora não dou, nem vendo ou troco por este pavor de agora; por este ódio de gente que dispara a besteira da ganância e da vingança brutal, que nos vitima e nos responsabiliza por sua deformação ancestral, suas deficiências mental, ética e social.
Publicado em "Ecos da Poesia"
Recanto das Letras