Versos Verdes Fritos
© Soaroir de Campos
Entra na panela uma pitada de pimenta e sal
enquanto engrossa o molho eu refogo um verso;
desgrudo do fundo com uma colher de pau
o consolado alimento ensopado na garganta.
Talhadas a cutelo as desossadas vísceras
me berram do alguidar como se poetas fossem
a acrescentar ao caldo da molheira alfaiada
rimas marinadas em especiarias finas.
Benigna resiliência em salmoura conservada.
Condimentada nutrição do espírito e alma
descongelada levo ao fogo de um fogão
e ante aos perfumados vapores me ergo boquiaberta.
Sobre a mesa estico as rendas da Madeira (¹)
alinho os pratos e acimo as taças cheias.
Num discreto gesto temperado ao alho e óleo
eu saúdo o bardo que povoa minha cabeceira.
Um comentário:
Tem uma foto sua lá no seu site em que a Nilza tá engraçada hee
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