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sábado, agosto 29, 2009

pronta entrega III

(desassossegados)
Soaroir
29/8/08


imagem/fotomat/Coimbra


... nos destinados a viver à beira do rio
naqueles a descer fortes correntezas
até nos meditabundos das estepes e dos sopés
a depressão dos terrenos próximos se engendra
e as fendas do acaso, como monstros-de-gila
desenredam as paisagens costumeiras
adentram o sono e desertam o sonho
e desassossegam, e ferem o tato
e ferem os pés do corpo e da alma
dos predestinados que caminham
sangrentos para dentro.


Mote: Desassosego

Poema do Desassossego
(Maria Moura)

e é um tal desassossego isso que eu sinto
que já não sei se sou eu mesma que me expresso
ou se um outro eu é que me toma a frente e fala
enquanto no íntimo me escondo resguardada
acabrunhada com meu próprio sentimento
que já não segue meu comando
nem se cala...

pois já não sei se séria ou sorridente
melhor eu fale do que me vem à alma
que ora luta e vai em frente confiante
e ora pára.

parece até que de mim mesma me despi
pra me vestir com velhas roupas de um outro
tal qual mendigo que se troca sem pudores
se há outro trapo que melhor lhe cubra o corpo.

pois é um tal desassossego que me assola
e me assombra como um pesadelo antigo
que eu já nem sei se é fruto desse velho peito
o inferno onde por vezes me abrigo
ou se vem baforado lá de fora
o mau agouro que me insurge agora
como um assombro ou um desejo antigo, fora de hora...

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