quarta-feira, novembro 03, 2010
Até onde vai nosso direito de interferir na casa do vizinho?
Na minha opinião cada país é uma casa distinta e seus habitantes seguem os regulamentos instituídos pelo chefe da família, para que a ordem e os bons costumes prevaleçam desde que os direitos do individuo, de acordo com a "Declaração Universal dos Direitos Humanos/ONU", não sejam desrespeitados.
Eu e provavelmente grande parte da população pouco sabemos sobre o Irã, tampouco sobre seus costumes, mas sabemos que a Vida é o bem mais precioso em qualquer parte do Planeta e deve ser respeitada.
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”
Que a sábia mão de Deus conduza este momento.
Soaroir de Campos
São Paulo – Brasil
Novembro 3/2010
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3 comentários:
Sakineh não existe mais como pessoa, ela alcançou o patamar dos símbolos e valores e aí encontramos o pomo da discórdia entre censores e juízes da ordem mundial.
A Declaração dos Direitos Humanos é tão recente quanto o multilateralismo do pós-guerra e a matéria ali disposta não consegue conter a pena de morte nem dos países que classificamos como desenvolvidos. Temos a pena de morte americana que executa mais negros que brancos por crimes de igual conseqüência, temos a pena de morte chinesa que segue o rito dos acordos comerciais entre as nações.
Qual pena de morte lhe parece justa?
As sociedades são mantidas por valores que sustentam a sua manutenção, assim cada cultura vai se diferenciando por costumes e consequencias nas ações que nos são comuns.
O adultério é tratado de forma restritiva na maioria das culturas, este comportamento está enraizado na nossa formação. A lapidação é prática antiga e é pena corriqueira para adultério, recordemos na Nigéria recentemente os apelos em favor de Amina Lawal; nos países em que não se criminaliza o adultério é comum um número considerável de crimes passionais relacionados ao adultério.
Chegou a fazer parte da jurisprudência nas teses de legítima defesa da honra aqui no Brasil da década de setenta; por qual razão não conseguimos lançar um olhar menos contaminado sobre a sentença sobre a cabeça de Sakineh?
A politização do tema viola os referenciais relativos à cultura iraniana, Sakineh é tão humana quanto qualquer prisioneiro americano ou qualquer dissidente chinês. A execução está sendo combatida apenas como mais um elemento para agravar a percepção que as nações ocidentais têm do Irã.
Os crimes cometidos no Oriente Médio são considerados sempre pelas conveniências políticas, para depois cooptar a comoção coletiva geral. Ainda espero que encontrem as armas de destruição em massa produzidas pelo Saddam Hussein, caso elas algum dia tenham existido; espero alguma justificativa para o extermínio de iraquianos promovidos pela Doutrina Carter, isto sim um crime contra a humanidade.
Estou solidário a condição de Sakineh, sou radicalmente contra a pena de morte, mas ainda sinto engulhos pela reação do mundo civilizado aos massacres étnicos sucessivos que ocorrem na África todo ano, sem qualquer conseqüência para os governos ou lideranças que o promovam.
Na década de setenta os Estados Unidos promoveram a instabilidade dos governos na América Latina provocando assassinatos e sustentando regimes que hoje seriam considerados genocidas, após a guerra fria esta forma de atuação foi transferida para o Oriente Médio e as conseqüências podem ser consideradas em todos os seus desdobramentos.
Onde estão os críticos da barbárie?
O que podemos dizer do regime jurídico aplicado a prisão de Guantánamo?
Como aceitar o voto de uma nação em questões de segurança nacional quando o seu governo aceita e promove a tortura como instrumento de coação?
Sakineh diante desta ordenação de eventos situa-se como elemento de distração para os condutores da ordem jurídica iraniana, enquanto o mundo desenvolvido segue acreditando no que lhe pareça conveniente.
Obrigada, Anônimo por tão importantes registors
Soaroir, concordo com sua visão.
cada país tem seus costumes e no caso do Irã, a religião acaba por fundir-se a política.
Não sei responder até que ponto o vizinho possa interferir na casa alheia, de repente quando se perde a razão e a noção de humanidade, afinal no caso de Sakineh ela é uma caça, visada pelo caçador da mesma espécie.
Não entendo como se possa falar de religião, de um Deus, de um Alah e submeter pessoas, irmãos na Criação à penas como a de morte. Quem decide a vida e a morte senão um Ser Supremo?
Enfim, fica aqui meu pesar em saber que nos tempos que vivemos, com tamanha tecnologia e espiritualidade, ainda exista esta dita Lei... Lei esta do mais forte sobre o mais fraco...
Um abraço com muito carinho
Hideli
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