- autorizado pelo autor -
imagem:unb
Solo de areia,
Pouca chuva
E muito sol
Paciência
Danças apiárias
E o Nordeste se revela
Abastado
Tingido de amarelo
E vermelho
Cajus púrpura
Prestam-se ao olhar
O travo
A poesia
O mercador
Já os dourados
São doces, tenros
E difíceis de embalar
Convidam besouros, abelhas, pássaros
E meninos
Que se proponham a os segar
Em nosso quintal de subúrbio
Tive
Por minhas mãos plantados
Três cajueiros
Que na terceira carga
Maravilharam-me por demais
Cabeças-vermelhas já não havia
Nem na feira dos passarinhos
Mas cinco bandos deles
Em dúzias divididos
Revezavam-se nos frutos do meu labor
E me fizeram menos pobre
Privando com os sessenta cardeais
E as inumeráveis abelhas
Que zumbiam cedo, após o canto dos galos
Ciente das nossas possibilidades
O mundo é uma fruteira
Pelo trabalho árduo revelada
Infância nordestina
Era de passarinho
Adolescência, também
Minha vida vem sendo
De plantador de caju
Enterrando castanhas
Regando-as
No aguardo de milagres
Uma vez mais
Revelados.
Um comentário:
Soaroir
Obrigado pela publicação da poesia... Adorei... Tens bom gosto e um apurado senso de estética. Não consegui fazer um comentário porque não sou cadastrado no google. Tentarei em breve... Li no google sobre ti, tens uma longa história dedicada à Arte. Eu sou um poeta instintivo. Um tanto filósofo, um tanto Sancho (se me leres os artigos entenderás ). Grato uma vez mais pelo crédito.
Marconi Barros
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