© Soaroir 23/05/08
Lagarta na folha do maracujá
Asas cingidas de queimadas
Vôo interrompido, oh vida...
Meu grito grego - ai de mim!
Jesus Cristo ou Barrabás?
Edelweiss em Swizerland,
Ou embaúba tropical?
Expugnável morro crisálida
Fingida entre roçados e queimadas
Sem jamais saber do avoar...
Mote: "A Queimada"
Lêdo Ivo
"Queime tudo o que puder :
as cartas de amor
as contas telefônicas
o rol de roupas sujas
as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência
e anuncia a arteriosclerose
os recortes antigos e as fotografias amareladas.
Não deixe aos herdeiros esfaimados
nenhuma herança de papel.
Seja como os lobos : more num covil
e só mostre à canalha das ruas os seus dentes afiados.
Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.
Destrua os poemas inacabados,os rascunhos,
as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.
Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.
Não confie a ninguém o seu segredo.
A verdade não pode ser dita".
sábado, maio 24, 2008
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