- Poema sobre a Recusa -
© Soaroir de Campos
3/1/09
Aldemir Martins
Gazeante memória que como pássaros
migra para convenientes pastagens
deixando para trás o campo seco
que um dia fértil os acolheu
e proveu-lhes ninho.
Três vezes eu te renego desmemória
pelo tempo que, se para alguns pouco,
entretanto bastante foi o dormir em concha
roçando as coxas e beijando as costas;
enroscando os pés nas noites frias
e refrescando os dias de tempo quente.
Por esta recusa em enxergar os prós
e por te enlear somente aos contras
guincho como um texugo alvoroçado
recusando-me a esquecer de te lembrar
de que um dia guardaste amor de quem,
talvez, ainda ame em paralelo.
Mote:POEMA SOBRE A RECUSA
"Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda."
In "Vozes e Olhares Femininos"
Maria Tereza Horta -
Edições Afrontamento – Porto – 2001
sábado, janeiro 03, 2009
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2 comentários:
Soaroir, adorei o modo como faz suas poesias: objetiva, profunda, coerente,enfim, a atmosféra poética que você envolve.
Três vezes eu te leio e não te renego; te aprecio!... Quão belos são teus versos, estruturalmente elegantes, numa lírica justaposição de termos que não há "desmemória" que os faça perder o brilho indelével.
Hermílio Pinheiro de Macêdo Filho -04/01/2009
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